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Raul Seixas




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Raul Seixas Album


Há dez mil Anos atrás (1976)
1976
1.
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. . .


Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas . . .
Um acidente de carro
O coração que se recusa a bater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada
A vida mal vivida
A ferida mal curada
A dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido,
Uu até, quem sabe um escorregão idiota
Num dia de sol, a cabeça no meio-fio

Oh morte, tu que es tão forte
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite

Vou te encontrar vestida de cetim
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero
E não desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

. . .


Muitas vezes, Pedro, você fala
Sempre a se queixar da solidão
Quem te fez com ferro, fez com fogo, Pedro
É pena que você não sabe não

Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro
Pedro as coisas não são bem assim

Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno

Pedro, onde você vai eu também vou
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Tente me ensinar das tuas coisas
Que a vida é séria, e a guerra é dura
Mas se não puder, cale essa boca, Pedro
E deixa eu viver minha loucura

Lembro, Pedro, aqueles velhos dias
Quando os dois pensavam sobre o mundo
Hoje eu te chamo de careta, Pedro
E você me chama vagabundo

Pedro, onde você vai eu também vou
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Todos os caminhos são iguais
O que leva à glória ou à perdição
Há tantos caminhos tantas portas
Mas somente um tem coração

E eu não tenho nada a te dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde você vai eu também vou

Pedro, onde você vai eu também vou
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou
É que tudo acaba onde começou

. . .


No lixo dos quintais
Na mesa do café
No amor dos carnavais
Na mão, no pé
Tu estás, tu estás
No tapa e no perdão
No ódio e na oração

Teu nome é Iemanjá
E é Virgem Maria
É Glória e é Cecília
Na noite fria
Minha mãe
Minha filha
Tu és qualquer mulher
Mulher em qualquer dia

Bastou o teu olhar
Pra me calar a voz
De onde está você
Rogai por nós
Minha mãe, minha mãe
Me ensina a segurar a barra
De te amar

Não estou cantando só
Cantamos todos nós
Mas cada um nasceu
Com a sua voz
Pra dizer, pra falar
De forma diferente
O que todo mundo sente

Segura a minha mão
Quando ela fraquejar
E não deixe a solidão
Me assustar
Minha mãe, nossa mãe
Que mata minha fome
Nas letras do teu nome

Minha mãe, nossa mãe
Que mata minha fome
Na glória do teu nome

Minha mãe, nossa mãe
Que mata minha fome
Na glória do teu nome

. . .


O que que você quer ser
Quando você crescer?
Alguma coisa importante
Um cara muito brilhante
Quando você crescer

Não adianta, perguntas não valem nada
É sempre a mesma jogada
Um emprego e uma namorada
Quando você crescer
E cada vez é mais difícil
De vencer

Pra quem nasceu pra perder
Pra quem não é importante
É bem melhor
Sonhar, do que conseguir
Ficar em vez de partir

Melhor uma esposa ao invés de uma amante
Uma casinha, um carro à prestação
Saber de cor a lição
Que no bar não se gospe no chão, nêgo
Quando você crescer

Alguns amigos da mesma repartição
Durante o fim-de-semana
Se vai mais tarde pra cama
Quando você crescer

E no subúrbio, com flores na sua janela
Você sorri para ela
E dando um beijo lhe diz:
Felicidades
E uma casa pequenina
É amar uma menina
E não ligar pro que se diz

Belo casal que paga as contas direito
Bem comportado no leito
Mesmo que doa no peito
Sim...
Quando você crescer

E o futebol te faz pensar que no jogo
Você é muito importante
Pois o gol é o seu grande instante
Quando você crescer

Um cafézinho mostrando o filho pra vó
Sentindo o apoio dos pais
Achando que não está, só
Quando você crescer
Quando você crescer
Quando você crescer

. . .


Hoje é o dia da saudade
Hoje é feriado
É o dia da saudade

Hoje eu vou beber para celebrar
O aniversário do "seu" Gaspar
Deve ter festa em algum lugar

Hoje não tem aula pra garotada
Velhas de varizes na calçada
(Solta a saudade)

Para o campeão
Do melhor glutão
Um pé de macarrão
Um palhaço que come lixo
Limpa a avenida
Para o bloco do chorão passar

. . .


Mas é que se agora pra fazer sucesso
Pra vender disco Me protesto
Todo mundo tem que reclamar

Eu vou tirar meu pé da estrada
E vou entrar também nessa jogada
E vamos ver agora quem é que vai güentar

Porque eu fui o primeiro
E já passou tanto janeiro
Mas se todos gostam eu vou voltar

Tô trancado aqui no quarto
De pijama porque tem visita estranha na sala
Aí eu pego e passo a vista no jornal

Um piloto rouba um "Mig"
Gelo em Marte, diz a Viking
Mas no entanto não há galinha em meu quintal
Compro móveis estofados
Me aposento com saúde
Pela assistência social

Dois problemas se misturam
A verdade do Universo
A prestação que vai vencer
Entro com a garrafa
De bebida enrustida
Porque minha mulher não pode ver

Ligo o rádio e ouço um chato
Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo que eu quero descer

Olhos os livros na minha estante
Que nada dizem de importante
Servem só prá quem não sabe ler

E a empregada me bate à porta
Me explicando que tá toda torta
E já que não sabe o que vai dá prá mim comer

Falam em nuvens passageiras
Mandam ver qualquer besteira
E eu não tenho nada prá escolher

Apesar dessa voz chata e renitente
Eu não tô aqui prá me queixar
E nem sou apenas o cantor

Que eu já passei por Elvis Presley
Imitei Mr. Bob Dylan
Eu já cansei de ver o Sol se pôr

Agora eu sou apenas um latino-americano
Que não tem cheiro nem sabor

E as perguntas continuam sempre as mesmas
Quem eu sou? Da onde venho? E aonde vou, dá?

E todo mundo explica tudo
Como a luz acende como um avião pode voar
Ao meu lado um dicionário
Cheio de palavras que eu sei que nunca vou usar

Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz latino-americano
Que também sabe se lamentar

E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira
Disso tudo que eu quero chegar

– E fim de papo!

. . .


Entra e vem correndo para mim
Meu princípio já chegou ao fim
E o que me resta agora é o seu amor
Traga a sua bola de cristal
E aquele incenso do Nepal
Que você comprou num camelô

E me empresta o seu colar
Que um dia eu fui buscar
Na tumba de um sábio faraó
E me empresta o seu colar
Que um dia eu fui buscar
Na tumba de um sábio faraó

Veja quantos livros na estante
"Don Quixote", "O Cavaleiro Andante"
Luta a vida inteira contra o rei
Jogue as cartas, lê a minha sorte
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei

Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem, diga que eu saí
Do passado me esqueci
No presente me rerdi
Se chamarem, diga que eu saí

. . .


No momento em que eu ia partir eu resolvi voltar
(Vou voltar)
Sei que não chegou a hora de se ir embora é melhor ficar
(Vou ficar)
Sei que tem gente voltando, tem gente esperando a hora de chegar
(Vou chegar)
Chego com as águas turvas, eu fiz tantas curvas pra poder cantar

Esse meu canto que não presta
Que tanta gente então detesta
Mas isso é tudo que me resta
Nessa festa
Nessa festaaaaaa

Eu
(Vou ferver)
Como um vulcão em chamas com a sua cama que me faz tremer
(Vou tremer)
Como um chão de teremotos com amor remoto que eu não sei viver
(Vou viver)
Vou poder contar meus filhos,caminhar nos trilhos isso é pra valer

Pois se uma estrela há de brilhar
Outra então tem que se apagar
Quero estar vivo para ver
O sol nascer! O sol nascer! O soooool nascer!!!!

(Vou subir)
Pelo elevador dos fundos que carrega o mundo sem sequer sentir
(Vou sentir)
Que a minha dor no peito que eu escondi direito agora vai surgir
(Vou surgir)
Numa tempestade doida pra varrer as ruas em que eu vou seguir

O em que eu vou seguir!!! Em que eu vou seguir!!!

. . .


Meus amigos essa noite
Eu tive uma alucinação
Sonhei com um bando de número
Invadindo o meu sertão
E de tanta coincidência
Que eu fiz essa canção

– Falar do número um
Falar do número um
Não é preciso muito estudo
Só se casa uma vez
E foi um Deus que criou tudo
Uma vida só se vive
Só se usa um sobretudo

– Agora o doze
É só de pensar no doze
Que então quase desisto
São doze meses do ano
Doze apostolos de Cristo
Doze hora é meio-dia
Haja dito e haja visto

– Agora o sete
Sete dias da semana
Sete notas musicais
Sete cores do arco-íris
Nas regiões divinais
E se pintar tanto sete
Eu já não agüento mais

– Dois
E no dois o homem luta
Entre coisas diferente
Bem e mal, amor e guerra
Preto e branco, bicho e gente
Rico e pobre, claro e escuro
Noite e dia, corpo emente

– Agora o quatro
E o quatro é importante
Quatro ponto cardeal
Quatro estação do ano
Quatro pé tem um animal
Quatro perna tem a mesa
Quatro dia o carnaval

– Pra encerrar
Eu falei de tanto número
Talvez esqueci algum
Mas as coisas que eu disse
Não são lá muito comum
Quem souber que conte outra
Ou que fique semnenhum

. . .


Nada tão belo como uma criança dormindo
Nem tão profundo como dormir sem sonhar
Nem tão antigo como o sonho dos teus olhos
Nem tão distante como a hora de acordar

Dorme enquanto teu pai faz músicas
Que é a forma dele rezar
Todos os sonhos na realidade
São verdades, se eu puder cantar

Você chora quando tem fome
Mas vem logo uma mamadeira
Amanhã se você chorar
Vai chorar tua vida inteira

Fiz meu rumo por essa terra
Entre o fogo que o amor consome
Eu lutei mas perdi a guerra
Eu só posso te dar meu nome

. . .


Spoken:
Um dia, numa rua da cidade
Eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim:

Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
É, Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo
Pra pagarem seus pecados
Eu vi, eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes
Diante do espelho
Eu vi

Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
É, eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
E se escondendo atrás da capa
Eu vi, eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros pra floresta
Pro quilombo dos palmares
Eu vi

Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Não, não, não, eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais

Eu vi o sangue que corria da montanha
Quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada ´
Numa cama de campanha
Eu li, eu li os simbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança pra poder dançar ciranda
E, quando todos praguejavam contra o frio
Eu fiz a cama na varanda

Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos atrás)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Não, não porque, eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
(Eu nasci há dez mil anos atrás)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Não, não

Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taverna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei e perna
Eu também, eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E praquele que provar que eu tou mentindo
Eu tiro o meu chapéu

(Eu nasci)
Eu nasci
(Há dez mil anos atrás)
Eu nasci há dez mil anos
(E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais)
Eu nasci há dez mil anos
(Eu nasci)
E não tem
(Há dez mil anos atrás)
Nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
(E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais)
E nasci, eu nasci há dez mil anos
(Eu nasci)
(Há dez mil anos atrás)
Eu nasci há dez mil anos
(E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais)

. . .


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